quarta-feira, janeiro 24, 2007

O PAC, o FGTS e a infra-estrutura



Antonio Corrêa de Lacerda, doutor em economia pela Unicamp, é professor doutor da PUC-SP e autor, entre outros livros, de Globalização e Investimento Estrangeiro no Brasil (Saraiva).
Publicado no ESTADO de S.PAULO - Edição de 24/01/2007.
A conferir
O grande mérito do governo ao anunciar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi o de explicitar com clareza as metas de investimentos para os próximos quatro anos e reconhecer o papel do Estado, não só como responsável por parte desses investimentos, mas também por conduzir o processo. Embora isso, por si só, não garanta o sucesso na sua efetiva implementação, denota uma mudança relevante.Uma das medidas mais polêmicas foi a de utilizar uma parcela de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para constituir um fundo específico para financiar projetos de infra-estrutura. O patrimônio total do FGTS é de R$ 181 bilhões e pela sua legislação deve prioritariamente financiar habitação e saneamento. O seu correspondente Patrimônio Líquido (PL), o saldo entre o ativo e o passivo, de R$ 21 bilhões, está aplicado em títulos da dívida pública. A proposta do PAC é que, inicialmente, R$ 5 bilhões desse PL sejam aplicados em projetos de infra-estrutura (saneamento, energia e transportes, portos, etc.). O resultado da operação volta com o principal para o FGTS. Posteriormente, esse montante poderá ser ampliado até o limite de 80% do PL.O primeiro ponto importante é que não se propõe nenhuma forma de “desvio” de recursos do Fundo ou mesmo “confisco”, como chegou a ser equivocadamente alegado, mas de uma aplicação alternativa que será remunerada de acordo com a rentabilidade dos projetos escolhidos para a operação.O segundo ponto é a questão do risco. Argumentam os críticos que, se os projetos selecionados não forem rentáveis, o FGTS e, por extensão, os seus cotistas serão prejudicados. O que ocorre é que grande parte dos “riscos” alegados podem ser minimizados por meio de regulamentação, transparência e governança na gestão dos recursos, fiscalização e o oferecimento de garantia da rentabilidade mínima.É preciso que o Conselho Gestor do FGTS, já existente, exija o controle de todo o processo, desde a escolha dos projetos, sua viabilidade econômico-social, o seu desenvolvimento, até a medição de sua efetiva rentabilidade. Vale destacar que o risco estará limitado ao montante de recursos alocado em cada operação, assim como ao total aportado, que hoje representa apenas 1,1% do patrimônio total do Fundo. É possível ainda criar mecanismos para atenuar eventuais perdas e garantir uma rentabilidade mínima.O terceiro ponto é que está previsto que os trabalhadores, adicionalmente, possam optar em aplicar uma parcela do saldo da sua conta pessoal do FGTS (algo como 10%) no mesmo Fundo. Há precedentes bem-sucedidos nesse sentido. Quando da privatização da Cia. Vale do Rio Doce e a capitalização da Petrobrás se deu a mesma opção para os trabalhadores, o que se mostrou bastante vantajoso para os cotistas. Mesmo porque a remuneração tradicional do FGTS é de apenas Taxa Referencial (TR) mais 3% ao ano. Portanto, os trabalhadores poderiam valorizar o patrimônio pessoal, vindo a optar, de livre-arbítrio, por aplicar uma parcela do seu saldo na nova modalidade.O quarto ponto e o mais importante é que, se a operação for bem-sucedida, o que é bastante provável, além dos benefícios já explanados, o seu grande mérito será o de contribuir para a desobstrução de gargalos existentes na infra-estrutura e que têm inviabilizado o crescimento sustentado da economia. Com um maior crescimento econômico todos ganharão, na medida em que gerará mais renda, emprego, exportações e tributos.Evidentemente, não se espera que essa medida isoladamente dê conta do enorme desafio de superar os entraves ao crescimento, nem esse é o objetivo. Outras medidas complementares, como o uso dos recursos do próprio Orçamento da União, do Projeto Piloto de Investimentos (PPI) e do BID também deverão contribuir com a sua parte. O desafio é fazer com que estimulem os investimentos privados e suprir a necessidade anual de investimentos em infra-estrutura, estimada em R$ 88 bilhões. No caso do FGTS em questão, aperfeiçoar a medida e tornar mais clara a sua comunicação poderá viabilizar uma proposta que tem tudo para ser favorável à Nação

BARBÁRIE ATÉ QUANDO?




Notícia publicada na FOLHA de S.PAULO - Cotidiano - assinada por GILMAR PENTEADO


"Febem usa arma de paintball contra interno"




A reportagem revela o uso de armas de paintball, por funcionários da Febem, contra os internos com o intuito de controlar possíveis rebeliões.


Ao ler essa notícia me veio o pensamento que ainda vivemos em tempos da idade média ou estamos vivendo num estado de exceção. Como, uma instuição que tem por finalidade a recuperação de jovens infratores, pode usar tal expediente?
Será que não passa pela cabeça desses senhores de que esse tipo de violência gerá mais violência? Como, com o uso desses métodos, não poderemos esta criando uma geração de infratores perpétuos?
A sociedade não pode aceitar tal situação. Vivemos em um país que caminha, ainda a passos pequenos, dentro da democracia, vivemos numa era em que o Homem a cada dia progride mais e mais em tecnologia e no seu bem estar.
É infâme tal situação, é um insulto a Humanidade.




terça-feira, janeiro 23, 2007

É POSSÍVEL UM CRESCIMENTO MAIOR?

Texto Extraído da Edição de 23/01/2007 - do jornal "o Estado de São Paulo" - Caderno de Econômia:

É possível um crescimento maior?

Amir Khair*

O mercado prevê crescimento de 3,4% em 2007, até atingir 3,8% em 2010. O governo aposta em 5% por vários anos. Quem estará com a razão?

Pelas análises do mercado, não se cresce mais, pois os investimentos não atingirão 25% do PIB, nível que consideram necessário para um crescimento de 5% ao ano. Atribuem parte do problema ao governo federal, cujo investimento está aquém do desejado, devido ao crescimento das despesas de custeio, especialmente da Previdência Social e dos programas de inclusão social. A outra parte dos investimentos, que vêm do setor privado, é insuficiente, pois as empresas não vêem perspectivas de crescimento do consumo e de regras estáveis para os investimentos de longo prazo.

Reclamam com toda razão do excesso de burocracia, da falta de infra-estrutura e da alta carga tributária, que punem as empresas na competição com a de outros países.

Acreditam que, sem as reformas previdenciária, tributária e trabalhista, o País não poderá crescer às taxas de 5% e que a Selic só cairá quando caírem as despesas do governo federal e forem aprovadas as reformas.

Existe uma outra visão, que considera que a mola propulsora do desenvolvimento é o estímulo ao consumo e à produção. O estímulo ao consumo é necessário, pois a base da pirâmide social está marginalizada da sociedade de consumo. Programas de inclusão social, de expansão do crédito consignado, de estímulo à construção civil, de oferta de crédito mais barato pelos bancos oficiais, de aumentos reais do salário mínimo, de desoneração tributária são exemplos de estímulos ao consumo.

O estímulo às empresas se dá pela redução da carga tributária, da Selic, das taxas de juros (capitaneada pelos bancos oficiais), da burocracia, pelo aumento da oferta de crédito e pelo próprio crescimento do consumo. O pressuposto básico é o de que o investimento no setor privado se dá em seqüência ao consumo e não vice-versa, como defendem as análises de mercado.

Quanto aos investimentos do governo federal, só serão ampliados quando for reduzida sua principal despesa que é a financeira, devida à alta Selic. Nos últimos dez anos a Selic média foi de 20,1% ao ano, causando um rombo anual com juros de 8,8% do PIB. Durante todo esse período fomos campeões mundiais da maior taxa básica de juros, spread bancário e taxa de juros ao tomador final. Essa é a causa principal do nosso problema fiscal. É impossível baixar a carga tributária e investir mais, quando tem de pagar uma conta de juros de 8% do PIB.

Então por que não se reduz a Selic? O mercado responde: vai voltar a inflação. A realidade, no entanto, foi outra: desde setembro de 2005 a Selic já caiu 6,5 pontos porcentuais, com queda de 0,60 ponto porcentual na inflação projetada e apreciação do real em R$ 0,23.

Vai ficando cada vez mais claro que o controle da inflação é dado pelo câmbio, por causa da concorrência dos produtos importados e que a redução da Selic não deprecia o câmbio, por causa da grande liquidez internacional aliada aos US$ 30 bilhões anuais, que vêm sendo gerados desde 2004 pelo saldo das transações correntes e dos investimentos diretos estrangeiros (IDE).

Novas quedas na Selic são naturais e farão com que nos aproximemos dos 6,5% ao ano, que é taxa básica média dos 26 países emergentes que têm inflação semelhante à nossa.

Quanto às despesas de custeio do setor público, elas devem ser racionalizadas, mas é bom ter presente que o governo federal é responsável por apenas 37% delas, e a maior parte é vinculada constitucionalmente a receitas (educação) ou ao crescimento da economia (saúde). Assim, mesmo que racionalizadas, continuarão apresentando crescimento real. O Congresso Nacional tem bancadas numerosas que não aceitam mexer nessas vinculações.

É ilusório pensar que as reformas econômicas constituem a solução mágica para o País crescer. Dificilmente irão ocorrer. A da Previdência Social seria um desastre fiscal pelos próximos dez anos pela corrida à aposentadoria precoce dos que se sentissem ameaçados, como ocorreu no passado. A reforma tributária, que tem no ICMS seu carro-chefe, não passa no Congresso Nacional, pois os Estados não aceitam mudá-lo, temendo perder arrecadação. A reforma trabalhista envolve interesses diametralmente opostos entre empregados e empregadores, que são quase impossíveis de ser resolvidos no Congresso Nacional.

Outra ilusão é pensar que a depreciação cambial produzirá o crescimento. O excesso de dólares, como já mencionado, impede isso. Soluções do tipo controle de entrada de capitais ou de tributação pelo IOF são inócuas, pois não atingem as transações correntes e o IDE. Além disso, como já constatado, a depreciação do real traz imediatamente a aceleração da inflação, diminuindo o poder de compra dos consumidores e, portanto, causando menor crescimento econômico.

Os fatos já demonstraram que as chamadas soluções do mercado estão esgotadas. São idealistas, ineficazes e ingênuas politicamente. Serão superadas naturalmente com o avanço do processo econômico e social.

Está na hora de seguir o rumo natural do crescimento, aproveitando a melhora dos fundamentos econômicos. É necessário, no entanto, que o governo federal seja mais ousado na desoneração tributária, racionalize e priorize suas despesas e promova a desburocratização da sua relação com a sociedade. O caminho está aberto para um crescimento bem maior.

Vamos conferir.

*Amir Khair é consultor e mestre em Finanças
Públicas pela FGV

sexta-feira, janeiro 12, 2007

BUSH - O devastador



O Presidente Bush, na noite de quarta-feira, anunciou a Estratégia americana para o Iraque.
Bush quer aumentar a quantidade de soldados no Iraque e nas entrelinhas do seu pronunciamento deixou claro que poderá expandir a guerra para o Irã e a Síria, países que acusa de abastecer os insurrentes iraquianos.

Bush já tem sobre seus ombros a morte de 3000 soldados americanos e mais de 140.000 vidas iraquianas.

Não contente com o sangue que corre diariamente no Iraque, Bush, segundo analistas como HAROLD MEYERSON da "AMERICAN PROSPECT", quer um pretexto para ataques aéreos americanos contra os sírios e ou iranianos e esse pretexto é que Irã e Síria fomentam e ajudam com armamentos, Xiitas e Sunitas contrários a ocupação americana.

O mesmo analista levanta a hipótese que Bush planeja sair do Iraque de maneira apoteótica e catastrófica, como Nixon e Kissinger fizeram quando expandiram a guerra para o Camboja e reforçaram o bombardeio ao Vietnã do Norte para transmitir aos norte-americanos a mensagem de que não estavam saindo com o rabo entre as pernas, e ao mundo a mensagem de que eram malucos: melhor não mexer com eles.

Bush e seus asseclas são responsáveis também pelo acirramento da questão Palestina. Apoiam a carnificina que Israel praticou no Líbano e continua a praticar na própria Palestina.
Os EUA, defensores da democracia e dos valores morais da humanidade, é a nação que mais horrores pratica contra a liberdade e auto determinação dos povos. Quantas mortes, quanto sangue derramado, quantas pessoas mutiladas, quanto horror ainda esse país, o vampiro da humanidade, necessita para aplacar sua sede de destruição?

quinta-feira, janeiro 11, 2007

SP corta verba de projeto de Alckmin para as escolas

Não é dia do PSDB com certeza...O trio ternura do tucanato, FHC - Serra - Alckmin mostra suas verdadeiras faces políticas.

1 - Relatório da Polícia Federal e auditoria interna do Banco do Brasil levantam que por volta de R$65 milhões de pagamentos feitos pelo BB à agência DNA do empresário Marcos Valério, aquele do mensalão, foram feitos no governo FHC. Será que vale uma CPI, muito difícil porque FHC foi o rei do impedimento de CPIs.

2 - O ex governador interino Cláudio Lembo acusa o Governador Ackmin, ex candidato derrotado à Presidência, de na sua gestão super valorizar o orçamento levando ao corte de gastos na maioria das suas pastas, incluídas Segurança Pública e Administração Penitenciária, além de falta de projetos das pastas da sua administração, o pefelista cita as verbas do governo federal que deveriam ter sido utilizadas para a construção de um CDP (Centro de Detenção Provisória) em Santos, mas acabaram em Minas Gerais -justamente porque São Paulo não apresentou projetos.

3 - Agora Serra, primeiro acusou o governo federal de contigenciar o repasse de verbas para a segurança dos estados, só que esqueceu, ou não lembrou, ou omitiu, ou qualquer coisa, porque o governo federal não liberou as verbas, é so reler o item 2.
Mas tem mais Serra, agora na Educação, leia reportagem publicada na Folha de São Paulo abaixo reproduzida.

"DA REPORTAGEM LOCAL

O governo de São Paulo acaba de reduzir à metade a dotação orçamentária de uma das vedetes da gestão de Geraldo Alckmin, o programa Escola da Família. Com o aval do governador José Serra (PSDB), a secretária da Educação, Maria Lúcia Vasconcelos, determinou a drástica diminuição do número de escolas abertas à comunidade nos fins de semana: de 5.200 para 2.334 unidades.
"O projeto é bom. Não tenho crítica a fazer à qualidade do projeto. O problema é racionalizar para continuar funcionando onde é útil de fato. Dinheiro público também acaba", afirmou a secretária, segundo a qual o programa "estava superdimensionado" e incluía até a "duplicidade de ofertas em escolas muito próximas".
Com a medida, o orçamento do programa passará dos atuais R$ 216 milhões para R$ 108 milhões anuais. A diferença será destinada ao cumprimento de uma das promessas de campanha de Serra, o uso de um segundo professor nas salas de primeira série na rede estadual.
Segundo Maria Lúcia, a intenção é contar com o segundo professor nas escolas da capital já no início do ano letivo.
A secretária submeteu a proposta a Serra na semana passada. Mas o governador já acenava com a revisão da amplitude do programa ao longo da campanha, criticando a baixa freqüência em algumas escolas em comparação com o alto custo do projeto. "O governador é muito firme. Quando se tem bons argumentos, ele não fica se pegando a miudezas. Ele pensa macro", disse ela.
Com a medida, serão dispensados os educadores profissionais das escolas que serão desativadas nos fins de semana, os gestores deixarão de receber um pró-labore e será reduzido o número de coordenadores regionais do programa.
Serão mantidos os 27.500 universitários bolsistas contemplados pelo programa. Cada um tem 50% do valor da mensalidade -limitado a um teto de R$ 267- coberto pelo Estado. O restante é complementado pela universidade.
Haverá remanejamento dos universitários que atuam nas escolas onde o programa será desativado.
A decisão foi amparada no cruzamento da freqüência com um estudo realizado pela fundação Seade em 2004 para medir o índice de vulnerabilidade social e juvenil no Estado. O programa foi mantido em escolas onde é alto o índice de vulnerabilidade.
Para a desativação, foi considerada uma combinação de critérios, incluindo condições geográficas, índice de presença e grau de vulnerabilidade. Até a proximidade a CEUs foi levada em conta.
É, por exemplo, considerada baixa a freqüência em escolas onde a média de participação é inferior a 2.000 pessoas por mês. A presença de um aluno pode ser registrada duas ou mais vezes caso ele participe de diferentes atividades.
Motivo de orgulho do ex-secretário Gabriel Chalita, o programa consiste no funcionamento das escolas das 9h às 17h aos sábados e domingos.
Sob a coordenação de um gestor, a escola conta com um educador profissional, uma equipe de voluntários e uma equipe de bolsistas para desenvolvimento de atividades de cultura, esporte, saúde e qualificação para o trabalho".


Esse é o choque de gestão, esse é o modo tucano de governar.

Serra cobra Lula, mas SP também fez corte


São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007 - FOLHA DE S. PAULO - COTIDIANO

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos Jornais e emissoras de radio e tv enalteceram o discurso do Governador José Serra na sua posse em 01/01/2007.
O discurso de um estadista, discurso de uma oposição consistente e gabaritada, relatava a mídia em seus comentários e reportagens. Mas... a realidade é outra leia a reportagem:

“Em 2006 -ano em que São Paulo viveu sua pior crise de segurança pública com a série de ataques da facção criminosa PCC -o governo estadual cortou cerca de R$ 78 milhões em investimentos para o setor -22,6% do total.
Durante a reunião no Rio de Janeiro entre os governadores do Sudeste, anteontem, José Serra (PSDB-SP) criticou o governo Lula justamente pelo contingenciamento (bloqueio) de repasses de verbas para a segurança dos Estados.
Segundo dados do Sigeo (Sistema de Gerenciamento da Execução Orçamentária), o governo dos aliados de Serra -Geraldo Alckmin e Cláudio Lembo- liquidou 77,4% dos R$ 346,2 milhões aprovados no Orçamento para investimentos em 2006 em segurança.
Liquidar, no jargão técnico, significa reconhecer despesas de obras e serviços realizados.
Esses valores incluem as pastas da Segurança Pública e Administração Penitenciária. A primeira havia liquidado R$ 191,7 milhões (92,3%) dos R$ 207,6 milhões e, a segunda, R$ 76,3 milhões (55%) dos R$ 138,6 milhões do Orçamento.
Como o Estado ainda não tem o número fechado dos valores efetivamente gastos, as informações do Sigeo podem sofrer pequenas alterações -reduzindo o valor de corte-, mas o próprio ex-governador Cláudio Lembo (PFL) confirma que os investimentos ficaram abaixo do previsto.

Lembo
O ex-governador elenca dois fatores fundamentais para explicar a situação: a falta de projetos das secretarias e, principalmente, o Orçamento supervalorizado que diz ter herdado de Alckmin (PSDB) -a equipe do tucano sempre negou ter havido a tal supervalorização.
"Não esqueça nunca que o Orçamento foi muito superavaliado. Foi o grande problema que nós tivemos. Tecnicamente eles pegaram uma inflação que não aconteceu, colocaram repasses federais que não iam acontecer, e assim foi."
Quando assumiu o governo no início do ano passado, após Alckmin renunciar ao cargo para concorrer à Presidência, Lembo suspendeu todos os gastos de todas as pastas, excluindo Saúde e Educação, devido a problemas financeiros estimados em R$ 1,2 bilhão.
O Orçamento total do governo foi de R$ 81,3 milhões.
Como exemplo de falta de projetos das pastas da sua administração, o pefelista cita as verbas do governo federal que deveriam ter sido utilizadas para a construção de um CDP (Centro de Detenção Provisória) em Santos, mas acabaram em Minas Gerais -justamente porque São Paulo não apresentou projetos.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública da gestão Serra diz que os investimentos da pasta devem chegar perto do orçado quando as contas forem
efetivamente fechadas -faltariam computar gastos com rádios adquiridos, no ano passado, mas que ainda não foram entregues.
A assessoria de imprensa da Secretaria da Administração Penitenciária, com corte de R$ 62,3 milhões nos investimentos, alegou que isso pode ter ocorrido porque algumas obras não foram concluídas.
Serra foi procurado por meio de sua assessoria de imprensa, mas até o fechamento da edição ele não havia se manifestado. A reportagem encaminhou a planilha com os números do Sigeo”.


Frase

"Não esqueça que o Orçamento foi superavaliado. Foi o grande problema que tivemos. Tecnicamente eles pegaram uma inflação que não aconteceu, colocaram repasses federais que não iam acontecer" CLÁUDIO LEMBO



E tem mais, no próximo blog a Educação...

Agência do mensalão recebeu pagamentos suspeitos, diz PF




ANDRÉA MICHAEL
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

ANDRÉA MICHAEL
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Reportagem publicada na Folha de hoje sobre o relatório da Polícia Federal referente aos escândalos do mensalão, lá pelas tantas a reportagem escreve:

“O laudo é taxativo ao afirmar que não existem documentos para justificar pagamentos de R$ 17 milhões feitos pelo BB para a DNA entre 2001 e 2002, durante o governo Fernando Henrique, por meio da Visanet”.

E mais: “Auditoria interna do BB em 2005 também encontrou irregularidades durante o governo FHC. Não foram localizados notas fiscais, faturas ou recibos que justificassem gastos de R$ 48,3 milhões”.

Opa! Não cabe uma CPI para investigar esse desvio do BB no tempo de FHC?

Pelas minhas contas estamos falando de R$65,3 milhões que não se tem comprovação no período FHC.

Estranho, muito estranho...

segunda-feira, janeiro 08, 2007

PRA RELAXAR!


Poema de Agostinho Neto

Não basta que seja pura e justa
a nossa causa.
É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós.

Dos que vieram
e conosco se aliaram
muitos traziam sombras no olhar
intenções estranhas.

Para alguns deles a razão da luta
era só ódio: um ódio antigo
centrado e surdo
como uma lança.

Para alguns outros era uma bolsa
bolsa vazia (queriam enchê-la)
queriam enchê-la com coisas sujas
inconfessáveis.

Outros viemos.
Lutar para nós é ver aquilo
que o Povo quer realizado.
É ter a terra onde nascemos.
É sermos livres para trabalhar.

É ter para nós o que criamos
Lutar para nós é um destino -
é uma ponte entre a descrença
e a certeza do mundo novo.

Na mesma barca nos encontramos.
Todos concordam - vamos lutar.
Lutar pra que?
Pra dar vazão ao ódio antigo?
ou pra ganharmos a liberdade
e ter pra nós o que criamos?

Na mesma barca nos encontramos
Quem há de ser o timoneiro?
Ah as tramas que eles teceram!
Ah as lutas que aí travamos!

Mantivemo-nos firmes: no povo
buscáramos a força e a razão
Inexoravelmente
como uma onda que ninguém trava
vencemos.

O Povo tomou a direção da barca.
Mas a lição lá está, foi aprendida:
Não basta que seja pura e justa a nossa causa.
É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

ANÁLISE - A ELEIÇÃO NA CÂMARA

Por Ricardo Amaral e Natuza Nery

BRASÍLIA (Reuters) - A disputa entre os deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) pela presidência da Câmara é parte importante, mas apenas parte, de um contencioso entre o Partido dos Trabalhadores e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem como pano de fundo a sucessão presidencial em 2010.

"As relações entre o presidente e o PT nunca estiveram tão desequilibradas. Com o enorme apoio popular que recebeu nas eleições, Lula está impermeável às reivindicações do partido", disse à Reuters um dirigente petista que pediu para não ser identificado.

O partido quer de volta o Ministério da Saúde, que Lula entregou ao PMDB e planeja manter com seu maior aliado. Além disso, petistas temem a diluição de sua identidade num governo de coalizão ampla, com um presidente carismático, que tem apoio da maioria dos movimentos sociais independentes dos partidos.

"O segundo mandato não é o começo da aposentadoria política de Lula. Ele vai influir na sucessão para dar continuidade a esse projeto político, que não inclui apenas o PT mas todas as forças que apóiam o governo", disse um ministro petista, também na condição de anonimato.

Embora a maioria da bancada do PT na Câmara esteja apoiando Chinaglia, há uma disputa interna pela direção do partido, que deve ser renovada ainda este ano e vai influir decisivamente na escolha do candidato à sucessão de Lula.

O PT não tem um nome natural para 2010, mas três "balões de ensaio" flutuam sobre o partido: a ministra Dilma Roussef, como nome "do Planalto"; a ex-prefeita Marta Suplicy, representando a "velha ordem" da máquina partidária, e o governador Jaques Wagner, pela corrente que se fortaleceu na crise de 2005.

E os problemas do PT não se restringem a disputas internas. Lula pode sacar seu candidato de um dos partidos da coalizão. Ele já contava com Ciro Gomes, do PSB, e agora tem Sérgio Cabral (PMDB), novo e privilegiado aliado, com o potencial do governo do Rio para se projetar nacionalmente. "O problema da sucessão está na cabeça de todo petista desde o dia da reeleição, principalmente pela possibilidade de Lula apostar em um aliado", disse o dirigente que diagnosticou o "desequilíbrio" na relação com o Planalto.

PECADO ORIGINAL

Na presidência da Câmara, o PT poderia reequilibrar essa relação. O posto daria ao partido o controle sobre a agenda legislativa, numa safra de reformas, e sobre um orçamento anual de cerca de 2 bilhões de reais.

A conquista da Câmara também daria ao partido um papel mais relevante na coalizão de governo -- onde o PMDB é o maior entre dez partidos -- e o segundo lugar na linha de substituição de Lula, logo depois do vice José Alencar.

Lula esperava uma tranquila reeleição de Aldo Rebelo e encarava a candidatura Chinaglia como um movimento tático do PT para pressioná-lo a garantir e, se possível, ampliar espaços no governo, em disputa com os partidos da coalizão.

"O cálculo político era que o Chinaglia se contentaria com um ministério, mas a disputa avançou tanto de lá para cá que esse tipo de solução pode ter se inviabilizado; ficaria uma imagem de fisiologismo", disse um político aliado.

Nesta quinta-feira, um dia depois de terem sido recebidos separadamente por Lula, tanto Chinaglia quanto Rebelo negaram enfaticamente a hipótese de qualquer um deles sair do páreo em troca de um cargo na Esplanada.

O estrago provocado pela disputa pode se estender ao PMDB, que também se divide entre as duas candidaturas. O presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), tende a apoiar Chinaglia; Aldo é ligado ao grupo do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).

A candidatura de Chinaglia foi estimulada também pelo ex-ministro José Dirceu. O ex-ministro planeja apresentar um projeto de iniciativa popular propondo sua anistia (ele foi cassado como deputado em 2005) e quer contar, para isso, com um aliado na presidência da Câmara.

Lula não tentou impedir a candidatura de Chinaglia quando isso seria mais fácil e agora se queixa do estrago que a disputa pode provocar na coalizão, dividindo os partidos e especialmente o PMDB.

Segundo um político aliado, Lula disse que o pecado original de Chinaglia foi lançar seu nome pelo PT. "Se ele queria o lugar do Aldo, deveria ter construído a candidatura pela base do governo, não por um partido", teria dito Lula.

PT SEM PELÉ

Desde a campanha da reeleição, Lula procurou manter uma relação institucional e mais organizada com o PT. Ele vem fazendo reuniões periódicas com a direção do partido e com o conselho político, que congrega as correntes internas.

Em público, no entanto, parecem cada dia mais distantes. Nos dois discursos da segunda posse, em 1o de janeiro, o PT sequer foi mencionado, ao contrário do que ocorreu em 2003.

"Ele não citou o PMDB, PCdoB, PSB, PDT. Por que iria citar o PT se está criando um governo de coalizão", questionou o ministro petista do Planejamento, Paulo Bernardo.

Para o PT, os ministros da coordenação de governo (Justiça, Casa Civil, Secretaria-Geral, Relações Institucionais e Fazenda) são da cota pessoal de Lula. O partido quer mais ministros nas áreas social e de infra-estrutura, mas dificilmente conseguirá.

"Ganhei as eleições com esse ministério, que foi aprovado pelo povo. Não estou vendo nenhum Pelé no PT que me obrigue a mudar a escalação", disse Lula, recentemente, a um amigo que perguntou sobre a reivindicação petista.

Charge de Frank para "A Notícia" (SC)

Sai daí Chinaglia





Não atrapalha Arlindo, deixa o homem governar

Ele de novo: O Farol da Alexandria




Como diz Paulo Henrique Amorim, FHC o Farol da Alexandria, só ilumina a antiguidade, ataca novamente.

Noticia Josias de Souza em seu blog, http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br, que FHC "considera Aldo como “o mal menor”. Não vê razões, porém, para que o PSDB se esquive de examinar alternativas. Avalia que o partido deveria adiar ao máximo uma definição formal no processo de escolha do novo comandante da Câmara. E, a depender do avanço das articulações, associar-se à idéia da terceira via"

FHC, com certeza, sabe como lidar com o Congresso, vide aprovação da emenda da reeleição, sabe que no nosso sistema governar sem o Congresso é um tiro no pé e como não conseguiu emplacar a idéia do "se ganhar não governa" parte agora para palpitar sobre a eleição na Câmara.

Bem que FHC poderia ir cuidar da sua Fundação lá nos EUA.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Eles de novo!





Pra variar os deputados Gabeira e Raul Jungmann iniciaram um movimento para lançar uma candidatura "independente" à Presidência da Câmara dos Deputados.

Há tempos, os dois deputados, tem se especializado em atitudes para estarem sempre à Luz dos holofotes.

Na CPI dos sanguessugas, marcaram posição, para que o dossiê das denúncia fosse investigado a fundo. Não importou para eles que a investigação fosse mais a fundo nas ações do Sr Barjas Negri e o Sr Abel Pereira, suspeitos de irregularidades na licitação de ambulâncias no período FHC.

Funcionam os dois, Gabeira e Jungmann, como linha auxiliar do PSDB para dificultar as ações do governo Lula

Infelizmente, por ação do PT Poder, que lançou Arlindo Chinaglia, a eleição na Câmara vai se tornando um grande "imbroglio" que exigirá de Lula muita lucidez, paciência e jogo político para resolver a questão

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Charge de Pelicano

Público e Privado

“Vamos trabalhar no setor público da mesma maneira que se faz no setor privado” frase extraída do discurso do novo governador do Distrito Federal , José Roberto Arruda (PFL-DF)

A colocação do Governador do DF encerra o desejo, que há anos é dogmatizado pelo empresariado tornar a coisa pública em privada, ou melhor, que a maioria das ações das quais o Estado é responsável esteja nas mãos da iniciativa privada, principalmente aquelas em que os senhores empresários visualizem lucros.

O público, entendo, é o bem comum, comum a todos os cidadãos, é servir. O privado visa o lucro, a eficiência para produzir mais e com maiores ganhos.

Há tempos se criou uma concepção errônea e com interesses escusos de que o serviço público, ou melhor os servidores públicos vivem de uma grande mamata, ganham bem, não trabalham, etc.

Tornar o Estado uma empresa privada, ou olhar como tal, significa fazer opções pelo que é mais vantajoso e lucrativo é abandonar ações e compromissos com o que é oneroso.

Muito se privatizou neste país. Privatizações de sucesso e outras de grande desastre.

Até hoje a indústria dos planos de saúde tenta de todas as formas o desmonte dessa atividade pelo Estado e, em parte, conseguiu. O ensino, principalmente o universitário, também passa por essa via crucis.

Precisamos cada vez mais incluir as pessoas e especialmente os mais sofridos e não cada vez mais afastá-los da dignidade como até hoje ocorre

Comentário - BLIG DO TÃO

enviado por: João Sabóia Jr
Site: http://livresreflexoes.blogspot.com

Tão,
Que o ano, para você e pro Brasil, seja muito bão!

Você, pela proximidade do seu trabalho, acompanhou a trajetória desse homem de perto, ou com atenção redobrada e sabe muito mais do que eu.
Ele começou a me cativar desde o tempo de presidente do sindicato dos metalúrgicos, foi, talvez, um dos primeiros oposicionistas que a ditatura realmente temeu ser desafiada pela unidade e dimensão que deu ao movimento metalúrgico. De Lula nasceu o PT, os intelectuais que viram nele a possibilidade da criação desse partido, nunca deixaram de ser apenas planetas girando na sua órbita.
Lula é o primeiro presidente que realmente veio do povo, tivemos outros que se importaram com o povo, como Jango, Getúlio, até Juscelino, mas esses são vindos da classe dominante. Lula é nascido e marcado pelas dificuldades que nosso povo, principalmente o nordestino, sofreu e ainda sofre. Lula é cachaça, palavrão, feijão com farinha, companherismo, singeleza, autenticidade, pele dura, como são forjados a maioria dos homens pobres deste país.
Veja as fotos de Lula e de outros candidatos quando estão misturados na multidão. Lula abraça, beija, mistura seu suor ao do cidadão comum com a maior naturalidade, ou melhor, faz o que o povão faz.
Por tudo isso, para mim, Lula representa um momento histórico e único para esse país, um momento em que realmente esse povo possa romper os grilhões que há séculos os prende e dilacera seus corpos.
Foi um primeiro mandado sofrível, mas há atenuantes, a desconfiança na sua primeira posse, o empresariado arredio e pronto para bater por qualquer motivo que lhe desagradasse os interesses, o medo do PT governar propondo mudanças profundas, medo da ingovernabilidade. Mas, passou, espero!
Vejo, hoje, um homem mais maduro politicamente, mais senhor da situação, sabendo que o importante é o povo e não a intelectualidade que quer ditar o caminho a seguir. Um homem que pode ser o instrumento fundamental para colocar o povo brasileiro no seu devido lugar que é a dignidade humana.

Essa é minha opinião e meu desejo para os próximos 04 anos do seu mandato.

Um abraços, e desculpe ter sido muito extenso é que seu texto me tocou a alma, como na maioria dos que você escreve!

Revejam 'Entreatos' e entendam quem é Lula

Postado no blog do jornalista TÃO GOMES PINTO (http://taogomespinto.blig.ig.com.br)

Existem dois caminhos para voce se aproximar de Luiz Inácio Lula da Silva.
Um é convivendo com ele no dia-a-dia. Mas esse é reservado a uns poucos. Dona Marisa Letícia, claro.

Ou talvez exercendo as funções de um Gilberto Carvalho, que, visto por mim à distância, parece, hoje, o assessor mais próximo.

Pelo caminho da aproximação via interposta pessoa, acho difícil alguém chegar a conhecer, de fato, quem é esse homem.

Há o Luiz Inácio dos gestos e atitudes de carinho. Ele é pródigo nesse departamento das relações humanas.

Hà tambem o das 'broncas', dos chamados 'esporros'.

Lula sem dúvida gosta das pessoas, gosta de ter sempre gente - se possível mais uma pessoa à sua volta.

Poucos, como ele, tem a competência para, com uma simples frase, quebrar toda a tensão que pesa em determinados ambientes e/ou situações.

Ele não faz o perfil do político do cochicho ao pé de ouvido, ou que dá preferência às conversas tetê-a-tete.

É do tipo que só fecha a porta para uma conversa a dois, quando um dos interlocutores - ou seja, ele - já decidiu o resultado da conversa.

Antes desse momento de decisão, prefere a roda de consultores, assessores, aspones, o que for.

Não que necessariamente preste atenção no que dizem. Mas, no meio de um reunião, é capaz de capturar no ar, em meio ao tumulto aparente, a frase meio solta, que ficou perdida na algaravia da reunião.

Lula guarda essa frase com cuidados especiais.

Alimenta-a durante algum tempo como se fosse um pássaro raro. Sabe que vai precisar dela - da frase ou da idéia nela embutida - mais tarde.

Sua simpatia e espontaneidade são irradiantes. Ele sabe como brincar com as pessoas sem machuca-las, tem uma habilidade digna de um ex-torneiro mececânico para soltar seus palavrões sem ofender diretamente a ninguém.

Palavrões saem da sua boca com a naturalidade e ficam como que boiando no ar. Não são direcionados, flutuam.

E embora ele tenha adquirido a fama de indeciso, de vacilante, uma imagem que as oposições fizeram o possivel para grudar na sua figura, é ele quem manda, é ele quem decide.

As vezes demora um pouco. Mas quando põe o rosto entre as mãos e fica nessa posição dois, tres, dez segundos, e sai cantarolando um sambinha da velha guarda, podem crer, que ele está tomando, ou melhor, já tomou, sua decisão.

Esse Luiz Inácio Lula da Silva está à disposição nas locadoras de DVDs para quem quiser ver ou rever o trabalho notável da equipe de João Moreira Salles, o filme 'Entreatos''

Eu aproveitei o dia da posse e a chuva insistente em Brasilia no dia 1 de janeiro para reencontrar-me com esse personagem para mim ainda inexplicado e eu, diria mais, inexplicável.

Foi um reencontro importante.

Lula vai ter um segundo mandato. E, embora o filme trate da primeira campanha, mais do que nunca ele é indicativo de como deverá se comportar o presidente agora, depois da reeleição.

A campanha dura para se reeleger, os embates, as ofensas recebidas e algumas devolvidas, haviam feito com que eu deixasse escapar da memória uma parte grande das imagens que tanto me impressionaram quando assisti 'Entreatos' pela primeira vez.

A tal coisa da indecisão, do homem que tinha a cabeça feita pelo Zé Dirceu, ou que se deixou conduzir como um bobalhão pelas mãos sem dúvida imaginosas de um Duda Mendonça, que seria o inventor do ' Lulinha Paz e Amor', tudo isso desmorona, não fica versão sobre versão, pedra sobre pedra, se você estiver disposto a rever o filme de João Moreira Salles com os olhos voltados para o futuro, para o segundo governo Lula, que deverá ser muito melhor conduzido do que o primeiro.

Se alguem fez a cabeça de alguem, foi Lula que fez a de Dirceu. E foi Lula que captou a mensagem do 'Lulinha, Paz e Amor' e decidiu usa-la no momento em que a sua intuição determinou.

Já se tentou transformar 'Entreatos' numa espécie de 'filme denúncia. Alguém, em editorial, lembrou que toda a 'quadrilha' denunciada pelo procurador Antonio Fernando, aparece no filme.

De fato, aparece. Mas entra muda e sai calada.

Inclusive, numa das cenas o eterno 'conspirador' José Dirceu revela seus temores que as imagens gravadas por Moreira Salles fossem parar em algum arquivo implacável de algum inimigo feroz do regime.

Mas sua intenvenção fica nisso, e numa piada de Lula dizendo que todo mundo gostaria de saber o que fez Dirceu na sua temporada cubana.

Aliás, seria importante lembrar que os citados 'quadilheiros' não só entram mudos e saem calados do filme, como sairam do próprio novo governo Lula.

Dizem que Lula, sem Dirceu, Palocci, Gushiken e Cia. está sozinho.

Na minha opinião essa solidão só fará bem a Lula. Naquela hora em que ele acende a cigarrilha e fica pensando, não terá ninguèm dando paplite ao seu lado.

E fica quase explícito no filme que esses são os 'momentos' de Lula.

Recomendo vivamente aos meus raros parceiros deste blog: assistam novamente o 'Entreatos'. Aqueles que por acaso não viram o filme, corram à locadora rápído.

O verdadeiro Lula está lá. Nas falas, nas análises políticas, e especialmente nos momentos de silêncio, quando, percebe-se, ele reflete antes de fazer um comentário.

É uma aula de política, acima de questões partidárias, acima de ideologias.

Uma aula dada por um homem que o destino escolheu para uma missão que às vezes parece impossível. Até para ele.

Governar o Brasil.

terça-feira, janeiro 02, 2007

OPINIÃO - DISCUSO DE POSSE - LULA 2007




Lula em seu discurso no Congresso Nacional deixou claro seu compromisso com os necessitados desse país, lembrando sua origem pobre e sua trajetória até a Presidência da República, fez desse relato a sua justificativa para reafirmar sua opção e compromisso com a camada mais pobre desta Nação.

“Muito tentamos nos últimos quatro anos, mas fatores históricos, dificuldades políticas e prioridades inadiáveis fizeram com que nosso esforço não fosse inteiramente premiado”.

Lula, neste trecho do discurso, dá a explicação, ainda que superficial, sobre porque no seu primeiro mandato não foi possível realizar todas as mudanças que almejamos.

Precisamos recordar do momento histórico que nosso país vivia em 2003.
Havia a grande desconfiança de que o seu governo desestabilizaria a Nação. O “mercado” e o empresariado estavam extremamente desconfiados e arredios. A inflação voltava a incomodar. E acredito que no próprio governo havia temores de que medidas radicais levariam a ingovernabilidade. O PT e Lula tiveram medo de governar.

Segue seu discurso alinhavando as idéias que pretende para destravar, palavra da moda, a economia brasileira, suas prioridades:
Responsabilidade fiscal.
Aumentar o investimento público e desonerar o investimento privado.
Investimento em energia elétrica e em bio energias, expandir o Luz para Todos.
Legislação unificada para o ICMS.
Queda na taxa de juros.
Comércio exterior

Segue, fazendo a defesa do Bolsa Família, e critica aqueles que chamam o projeto de assistencialista e populista.

Dá ênfase a questão da Educação como instrumento fundamental para o progresso de um país.
Chama ao entendimento a oposição através da prática política:”Temos de construir consensos que não eliminem nossas diferenças, nem apaguem os conflitos próprios das sociedades democráticas”. Mas também dá um recado claro a PSDB e PFL: ”O povo fez uma escolha consciente. Mais do que um homem, escolheu uma proposta, optou por um lado”.
Para mim, um discurso consistente, maduro. Espero que consiga realizar o que discursou, espero que daqui a 4 anos este país esteja definitivamente nos trilhos do desenvolvimento, da justiça social e do progresso.
Minha opinião e meu desejo.

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